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Mobilidade ou a falta dela?

  • Ana Monteiro, Luiza Barros
  • 12 de ago. de 2017
  • 13 min de leitura

O dia a dia caótico de passageiros e motoristas nos ônibus é destaque na reportagem. Autoridades e especialistas comentam as reclamações.

Caos na travessa 9 de Janeiro - Foto: Ana Monteiro

São 7h30 da manhã quando o movimento nas ruas de Belém chega ao seu pico, pela primeira vez no dia. Desde essa hora, já se ouve o soar desesperado das buzinas e o grito abafado de frustração das pessoas que só querem chegar ao trabalho a tempo. Para muitas delas, possivelmente, o dia começou muito antes disso. Viram os longos minutos transformarem-se em horas, debaixo do sol ou da chuva, observando os ônibus que as levariam aos seus destinos passarem reto por seus pontos, sem parar para buscá-las. Olham com suspeita para os outros ao seu redor, sem saber quando a pessoa ao lado pode decidir surrupiar seus bolsos. Entram no veículo lotado, pagam a passagem cara demais e lutam para sentar no assento velho e rasgado, pois ficar em pé significa tombar para frente a cada freada brusca que o motorista dá. O trânsito é cheio, o ônibus está cheio, todos ali estão de saco cheio. Quando enfim chegam ao destino, cansados, suados e profundamente aborrecidos, sabem que ainda têm um dia inteiro de trabalho pela frente – e que mais uma jornada dessas lhes espera para voltar para casa.

O dia a dia no trânsito é uma dificuldade que todos em Belém compartilham, independentemente de seu perfil. Engarrafamentos extremos, poluição sonora, falta de estacionamento e acidentes fazem parte do cotidiano nas ruas da cidade. Mas o sufoco é, talvez, ainda maior para quem utiliza o transporte público. A viagem nos ônibus traz dificuldades específicas com as quais a maioria dos cidadãos não tem escolha senão conviver.

Depois da catraca

Passageiros viajam no sufoco - Foto: Matheus Nery

Pasito a pasito, suave suavecito... ao ritmo porto-riquenho de Luis Fonsi, a jovem universitária Thayna Costa, 18, passa três horas diárias dentro do coletivo que, segundo ela, anda de “passinho a passinho” pelas ruas da metrópole da Amazônia. A jornada da estudante de Geografia começa às 6 horas da manhã, aguardando entre o aglomerado de carros e motos o ônibus Cidade Nova – UNAMA, que, segundo ela, “têm poucos veículos e por isso sempre estão lotados”. Durante a viagem de uma hora e meia, em pé, acompanhada por cópias repletas de marca-textos e playlist do Spotify, a universitária vê no “sufoco” de hoje o sucesso de amanhã, mas, ainda assim, sonha com as raras viagens em que consegue ir sentada até a instituição onde estuda.

“Se pudesse escolher, escolheria ter ônibus de qualidade, com wi-fi e ar- condicionado, mas como sei que existe um abismo entre o ideal e o possível, já me satisfaço com uma cadeira perto da janela”, afirma a estudante. O ideal, entretanto, chega a parecer utópico para a maioria dos habitantes de Belém do Pará. As buzinas, o empurra-empurra, a lotação excessiva, o abandono da frota e muitos outros problemas são relatados pelos usuários do transporte, que acarretam diversos problemas para a população.

Com o cotidiano difícil, que exige um sistema de transporte público eficiente para ir e vir de diferentes partes da cidade, os usuários relatam a perda de horas preciosas do dia, devido aos congestionamentos e problemas do transporte urbano. Para a universitária Krisllen Mayra, 18, a “falta” de mobilidade urbana já causou prejuízos sérios ao seu rendimento acadêmico. “Devido ao tempo da viagem, cheguei a perder algumas provas e trabalhos importantes do meu curso”, comentou Krisllen, moradora do município de Castanhal, que leva três horas para chegar ao campus da Universidade Federal do Pará. Na cidade, os ônibus são muito menos conservados do que os da capital, porém o congestionamento é menor, o que não afeta tanto na viagem.

A rotina da estudante começa com o ônibus de seu bairro até a rodoviária, onde pega o segundo ônibus, um intermunicipal com destino a Belém. Assim que desembarca, próximo ao Mercado de São Braz, a jovem ainda tem que pegar mais um ônibus para chegar à UFPA. Todo esse trajeto custa aproximadamente R$ 20,00 diariamente, graças às meias-passagens. “Se tivesse que pagar inteira, nem estaria fazendo o curso. Seria um gasto de quase R$ 250,00 por semana”, comenta.

Nem mesmo a proximidade ao destino final “alivia” a viagem. A produtora de conteúdo Laís Cardoso, 22, mora a cinco minutos de ônibus de seu trabalho, mas esse tempo, para ela, “só existe mesmo no aplicativo do Google”. A jovem já se acostumou com o estresse da viagem e as más condições dos coletivos. “Eu dependo do ônibus, não tenho opção. Demoro 15 minutos andando de minha casa à parada, e espero muuuuito. Era para eu demorar cinco minutos para chegar no trabalho, mas demoro muito mais do que isso porque, às vezes, o ônibus simplesmente não para. Quatro ônibus passam e nenhum para”, relata.

Para Laís, a questão do transporte já causou grande mal-estar, especialmente na época de sua formação. “Ir para a universidade chegou a ser um fardo na minha vida, porque os ônibus eram muito lotados, não paravam, eu perdia aula e não sabia como me justificar depois. Incrível como o transporte pode gerar o caos”, afirma. A dificuldade com o tempo com certeza é uma das maiores reclamações dos passageiros, que sofrem com longas esperas nas paradas e horas no engarrafamento para ir a qualquer lugar. Seus dias tornam-se imprevisíveis e o nível de transtorno só aumenta.

Desespero para não perder o ônibus - Foto: Stefanny Oliveira

As queixas diárias dos usuários de ônibus não param por aí. Afinal, horas de espera nas paradas e nos ônibus também significam horas no típico calor belenense. Para ir a qualquer lugar, deve-se enfrentar o sol escaldante da região em ambientes que não promovem o conforto pelo qual os cidadãos pagam, já que, além de calorentos, os veículos também costumam ser sucateados e lotados demais no auge do trânsito. “A estrutura física é o mais vital, para todos. (Os ônibus) não oferecem conforto, higiene, o espaço para se sentir à vontade. É perigoso também. Já cansei de ver ônibus com o chão quebrado... dá pra ver o asfalto enquanto está andando”, Laís comenta. Os ônibus que costuma pegar sempre estão numa condição precária, com assentos rasgados, desconfortáveis e o chão sujo, às vezes infestado de baratas. Para a produtora, eles nunca recebem a limpeza que deveriam. “Realmente não se vê nenhum cuidado. As pessoas cospem, jogam lixo no chão quando há uma lixeira bem ali. Mas as empresas também não promovem higiene, e a responsabilidade é delas. Limpar só uma vez ao dia não basta, considerando o tamanho do público da cidade”, opina.

Durante o sol escaldante do meio-dia, as amigas Ioline (38) e Gleice (40) aguardavam a chegada do primeiro ônibus que as levassem para São Braz, onde pegariam mais um ônibus para chegar ao seu destino final: a ilha de Icoaraci. As amigas estavam revoltadas, pois pagariam duas passagens para receber “um serviço porco”. Uma das principais reclamações, além do tráfego e do custo, é o calor excessivo dentro do transporte. “O trânsito estressa mesmo que você não seja motorista, porque você fica preocupado que não vai chegar nos lugares e, quando chega, já está com raiva. Por isso, quem acorda de madrugada pra fazer um serviço e passa horas lá no sol, precisa de um ar-condicionado. É um direito de todo brasileiro o bem-estar, a gente paga por isso”, elas dizem.

O “caos” do transporte, restringindo-se aos problemas do tempo e da frota, pode atrapalhar totalmente a vida de uma pessoa. Outros dois fatores incluem-se no dia a dia dos passageiros: a violência urbana e a má educação dos motoristas e cobradores. Belém e sua região metropolitana estão no 9º lugar do ranking de cidades mais violentas do país, segundo estudo da ONG mexicana Conselho Cidadão para a Segurança Pública e a Justiça Penal (tradução livre). Consequentemente, os usuários do transporte sentem-se inseguros durante as viagens.

Para a estudante Lívia Fialho, 19, vítima da violência dentro dos coletivos, o sentimento de revolta é constante. “Após um dia inteiro de estudo e trabalho, fui assaltada na volta para casa. O bandido furtou meu celular e fiquei no prejuízo.” Outra usuária que presenciou a violência foi a publicitária Nancy Araújo, 23. Em uma noite, quando voltava para casa, o ônibus onde estava foi abordado por quatro bandidos que levaram os pertences dos passageiros. “Quando eles anunciaram o assalto, estava usando meu celular. Logo, fiquei em pânico mas tentei cooperar com os bandidos, pois eles estavam agressivos e debochados com as pessoas. Muita gente passou mal durante aqueles instantes mas, graças a Deus, depois que eles levaram os aparelhos, conseguimos nos acalmar e seguir a viagem. Só que o trauma ficou, me deixando com sentimento de impotência”, relata.

Além da violência, outra reclamação é a falta de educação dos funcionários. Para além do tratamento aos passageiros, o humor dos motoristas muitas vezes parece ter consequências mais graves. Freadas bruscas, arrancadas fortes, zigue-zagues e alta velocidade nas lombadas são atitudes às quais os usuários do transporte público têm que se habituar, em meio ao caos do trânsito.

Maria do Espírito Santo, 49, é usuária do Marex Arsenal e depende de um “ônibus velho, sujo e caro” para chegar aos seus dois empregos, bem como para a jornada de volta. Ela conta que já sofreu e já presenciou vários acidentes causados por comportamentos inconsequentes no volante. “A gente fica muito desconfortável, eles dirigem com muita violência. Uma vez, o motorista arrancou com tudo quando o meu neto estava passando por debaixo da roleta. Ele acabou rolando por todo o corredor do ônibus e se machucou muito. Outra vez, minha tia quebrou a coluna e ficou cega de um lado quando o motorista deu uma curva brusca e ela foi lá pra cima. A empresa até acabou, mas nunca descobriram quem era o motorista. Fizeram um acordo e se livraram. Os motoristas deveriam ter tratamento psicológico, acidentes graves acontecem”, relata Maria.

Motorista de ônibus fecha cruzamento - Foto: Stefanny Oliveira

Laís Cardoso também fica com raiva quando vê esse tipo de comportamento na direção, mas entende a rotina difícil dos trabalhadores. “O público de ônibus é variado, muitas vezes tem idosos, crianças ou pessoas com necessidades especiais lá dentro, e eles não têm o menor cuidado. Apesar de as empresas exigirem curso para ser motorista ou trabalhador, muitos deles não estão preparados, não param no ponto, desrespeitam idosos. Mas eu de certa forma compreendo a insatisfação deles, porque eles são muito explorados, o trabalho é estressante e eles não ganham muito”, opina.

Atrás do volante

Enquanto os passageiros viajam escutando músicas e lendo livros para passar as horas dentro do coletivo, o motorista João (nome fictício, pois ele não quis se identificar) percorre as ruas da cidade de Belém ao som da rádio 99FM. Enquanto o som de Viviane Batidão tocava no coletivo, o motorista reclamava das dificuldades no trabalho: “Trânsito é muito complicado aqui em Belém e acredito que se o transporte público melhorasse, mais pessoas iriam deixar os carros na garagem e usar os ônibus”, afirma.

Para o motorista, muitas coisas poderiam mudar no tráfego de veículos em Belém se a prefeitura e os órgãos competentes fizessem alguns ajustes no trânsito. Ele pontua a instalação de ar-condicionado nos coletivos como um ganho para os usuários, porque, além de melhorar o transporte para os cidadãos que já usam regularmente, atrairia também outras pessoas que não utilizam os ônibus. “Com certeza sou a favor do ar-condicionado, mas não depende da gente, depende das pessoas que a gente coloca lá no poder público”, acrescenta.

João começou sua carreira profissional na empresa rodoviária há nove anos, como cobrador. Após alguns treinamentos, foi promovido ao posto de motorista. Com essa experiência nos dois postos, ele alerta para a insegurança que a categoria sofre: “Graças a Deus que nunca sofri um assalto todos esses anos na empresa, mas eu sei que não existe segurança no transporte público e é difícil colocar em cada ônibus um policial. A gente só tem que entregar na mão de Deus e rezar que não aconteça nada durante o nosso serviço e nem no de ninguém”, comenta.

Outro questionamento pertinente é o abandono dos coletivos. A reclamação, no entanto, não cabe na empresa onde João trabalha, já que a frota está sendo renovada, com a última atualização em 2016. No último ano, foram adquiridos seis carros, sendo cinco deles para substituir veículos que seriam desativados nos próximos meses. Mas João sabe que essa não é a realidade de todas as empresas de transporte público coletivo. “Tem empresa que é sucateada e prejudica toda a classe. Por um pagam todos.”

Enquanto isso, no Guamá-Conselheiro, os usuários já estão acostumados com as saudações de Carlos Ronis, motorista da linha. Assim que entram no coletivo, são recebidos com um “bom dia” logo cedo. A rotina dele no volante começa às 4h30 da manhã, saindo da garagem da viação Rio Guamá, localizada na avenida Perimetral, próximo do campus da UFPA. “Eu trabalho como rodoviário por amor à profissão. Desde criança queria ser motorista de ônibus e eu me sinto realizado profissionalmente por ter realizado meu sonho. Por essa razão que eu trabalho de todo o coração, trabalho com amor, trabalho feliz. Um bom dia, uma boa tarde, um boa noite é primordial dentro do coletivo porque você vai impactar aquela pessoa que tá embarcando. De repente aquela pessoa tá desempregada, brigou com o marido ou a mulher, tá doente, tá numa situação difícil, e quando ela embarca e recebe um bom dia ela se sente até mais motivada”, relata emocionado.

Esse sentimento de motivação também é notado pelos passageiros. A universitária Anaís Brito lembra de como conheceu Carlos. “Foi no primeiro dia de aula na UFPA. Ele me deu bom dia e perguntou como estava. Senti um impacto muito grande, pois estava começando uma nova jornada e o motorista foi super simpático comigo”. A estudante também parabenizou a iniciativa de Carlos, pois é comum encontrar motoristas mal educados e que dirigem de qualquer jeito. Anaís afirma que, em outras viagens, alguns parentes sofreram graves acidentes. “Minha avó caiu do coletivo e ficou dois meses com o joelho inchado, impossibilitada de andar. Tudo por causa da pressa desses motoristas irresponsáveis.”

Carlos Ronis: “Eu trabalho como rodoviário por amor à profissão” - Foto: Luiza Barros

Essa atitude de alguns motoristas é criticada por Carlos: “Nós (classe rodoviária) somos preparados para lidar com os usuários, temos curso de operador do elevador (para pessoas com deficiência) e de atendimento ao público, além do curso de qualificação para a nossa área”. Com relação à segurança, Carlos afirma que é necessário um maior policiamento nas áreas vermelhas da cidade onde há circulação do transporte coletivo. “Poderia haver mais blitze dentro dos coletivos, fazer a polícia interagir com a sociedade. Além disso, a prefeitura poderia colocar mais guardas municipais itinerantes nas ruas, porque os assaltantes ficam circulando de moto. Falta segurança para todos.”

O panorama da mudança

A população paraense busca uma resposta para o caótico tráfego da região. Para a especialista em mobilidade urbana Regina Brabo, algumas das alternativas para resolver esse problema seriam implantar a integração entre as linhas rodoviárias e investir no transporte hidroviário e no sistema VLT (Veículo Leve sobre Trilhos).

A implantação de ar-condicionado nos ônibus foi apresentada para votação na Câmara Municipal de Belém, mas rejeitada por 18 votos a 3 favoráveis. Para as amigas Ioline e Gleice, isso representa “uma sacanagem, pois se eles andam de carro com ar, por que nós, que somos trabalhadores, não temos esse direito?” Segundo a especialista, a implantação desses aparelhos é viável em veículos apropriados e não na atual frota, pois assim “os ônibus climatizados atrairiam mais usuários ao transporte coletivo”.

Dentro do plenário municipal, o embate político é visto como um dos principais motivos para a negativa. Segundo o Dr. Chiquinho, vereador pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e autor do projeto, a rejeição do projeto deve-se ao apoio dos empresários a alguns dos vereadores. Para a chefe de gabinete do vereador, Adriana Ramos, “esse tema não é relevante na opinião dos membros da casa”.

Por outro lado, os vereadores contrários relatam que o projeto pode aumentar o valor da tarifa, e caso fosse aprovado “do jeito que foi proposto”, estaria ferindo o direito constitucional da livre escolha. Para o vereador Igor Normando, do Partido Humanista da Solidariedade (PHS), é necessário um projeto de pesquisa com os órgãos financeiros para avaliar a implantação e a participação popular nas seções da Câmara. “Precisamos debater esse tema, pois, devido ao nosso clima, além do aumento das passagens, essa implantação pode acarretar problemas de saúde. Em outras cidades, esses aparelhos foram retirados devido ao surgimento de epidemias virais, como gripes e viroses”, ressalta.

Outra alternativa para o transporte são os aplicativos de mobilidade urbana e os transportes alternativos não motorizados. Segundo Regina Brabo, investir em outros tipos de transporte é uma forma de melhorar o deslocamento dos habitantes, visto que “foi assim que muitas cidades europeias conseguiram resolver seus problemas de transporte, implantando transporte público de qualidade e infraestrutura para modos não motorizados”. Contudo, ela alerta que é necessário garantir a segurança do usuário. Com o alto grau de violência da cidade, diz, cada vez mais os usuários preferem escolher meios de transporte individuais.

Os aplicativos de mobilidade são outra preferência da população para se locomover com conforto e segurança. Eles começaram a ser implantados em novembro de 2016 e atraíram a população belenense por conciliarem qualidade e custo acessível. Segundo um levantamento realizado pela página Belém Trânsito após a implantação do aplicativo YetGo, uma viagem da Estação das Docas até a avenida Rômulo Maiorana (esquina com a travessa Timbó) custou R$ 14,70, enquanto o mesmo trajeto via táxi custou R$ 22,61, uma diferença de 35%. Um desses usuários, Luís Vilhena, conheceu o aplicativo Uber em uma de suas viagens e comemorou quando o serviço chegou na cidade. “É um transporte seguro, confortável e barato.”

Segundo as autoridades...

Congestionamento na avenida Pedro Álvares Cabral - Foto: Luiza Barros

A assessoria de comunicação da SETRANSBEL (Sindicato das Empresas de Transportes de Belém) não se pronunciou sobre os questionamentos levantados. A assessora de comunicação da SEMOB (Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana do Município de Belém), Esperança Bessa, informou que a SEMOB “vem se esforçando nas tentativas de tornar o transporte coletivo mais atraente para a população, com investimentos no BRT, na malha cicloviária e nas avenidas da cidade”.

Ainda sobre a questão da melhoria do transporte, a prefeitura aponta o BRT como o “principal projeto de melhoria da malha rodoviária de Belém”, uma vez que o projeto propõe reordenar todo o serviço de transporte com uma “nova lógica de circulação que lhe trará mais conforto e rapidez no deslocamento e, quando for devidamente terminado, fará com que diminua a quantidade de ônibus nos grandes corredores de tráfego, como a Almirante Barroso e Augusto Montenegro”. Além do BRT, outro projeto que a superintendência afirma que ajudará na melhoria da mobilidade urbana é o BRS (Bus Rapid Service), um novo “sistema de ônibus rápido, que se caracteriza por faixas exclusivas para ônibus comuns em grandes corredores de tráfego” e engloba parte das avenidas José Malcher, Conselheiro Furtado, e travessa Castelo Branco.

Quando o assunto são as paradas sucateadas e, muitas vezes, inexistentes, não faltam reclamações, mas ainda assim o Diretor Geral da SEMOB, Gilberto Barbosa, afirma que as paradas de ônibus estão em permanente manutenção. “É um trabalho contínuo. Fora a manutenção, estamos sempre implantando equipamentos novos. Só em 2016 foram instalados 100 novos abrigos divididos entre Belém, Icoaraci e Mosqueiro. O principal problema dos abrigos é que eles são alvos constantes de vândalos, que depredam o patrimônio público”, informa.

O diretor geral ressalta que os ônibus de Belém estão entre os mais jovens do país, com tempo de utilização máxima de oito anos. “O problema não é que eles (os ônibus) são antigos, mas sim que não têm a manutenção exigida e, para isso, mantemos fiscalizações constantes nas ruas e nas garagens, verificando a qualidade dos veículos e, quando eles apresentam problemas, são autuados e recebem um prazo para ajuste. Nos casos em que são detectados problemas mais graves, como no motor, o veículo é lacrado e só pode voltar a circular depois de ter tudo sanado. Este é um trabalho diário e constante”, afirma.

Barbosa declara que falta muita informação correta sobre a implantação de ar-condiconado nos ônibus. “Não é que os vereadores não aprovaram o uso do ar-condicionado. A questão é que o projeto que estava em pauta estava equivocado. Ele remonta a outro projeto já aprovado, de 2004, que diz que o transporte seletivo seja com ar-condicionado, e isso já está em prática com os chamados fresquinhos e, agora, com o BRT. Estes são os transportes seletivos que circulam em Belém. Então, o que a Câmara fez foi não aprovar aquele texto em específico, mas há outro projeto sobre o tema tramitando lá para entrar em pauta, com texto mais adequado.”

Segundo Gilberto, o prefeito Zenaldo Coutinho instituiu uma comissão envolvendo poder público e representantes da sociedade civil, entre eles Câmara Municipal de Belém, Ordem dos Advogados do Brasil, Tribunal de Contas do Município, Dieese, Ministério Público e a própria SEMOB, para discutir quais as implicações em migrar os ônibus atuais para um sistema com ar- condicionado. “Este grupo está analisando todos os fatores monetários que envolvem essa migração, visto que os veículos hoje existentes não podem ser adaptados ao ar-condicionado. Logo, seria preciso fazer a troca de toda a frota, o que implica impactos no valor da tarifa. São esses impactos que esta comissão está avaliando. Quando fechar um resultado, as propostas serão levadas à população em audiências públicas para debater o tema e o que a população decidir será executado."


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